sábado, 29 de abril de 2017

Como foi o Lançamento no Brasil do Guia Descorchados 2017 em São Paulo


  No último dia 11 de abril ocorreu o evento de Lançamento do Guia Descorchados 2017 aqui no Brasil, com a presença de mais de 90 vinícolas que obtiveram destaque nas avaliações. O Guia é produzido pelo jornalista chileno Patricio Tapia e é o mais completo trabalho anual de avaliação e informação existente sobre os principais vinhos e vinícolas sul-americanas (incluindo Argentina, Brasil, Chile e Uruguai). 


  O evento foi realizado no Espaço Traffô, na Vila Olímpia em São Paulo e este é o segundo ano que eu participo. No ano passado estive no Lançamento do Guia Descorchados 2016 que foi realizado no Restaurante São Lourenço, também na Vila Olímpia, situado a poucas quadras de distância do evento deste ano. 

  O ingresso do evento era a compra do Guia, que custou R$ 139,00, que podia ser comprado on-line pelo site da Editora Inner e retirado na entrada do evento. Os profissionais do ramo poderiam pagar R$ 40,00 e participar também (no ano passado era gratuito), porém sem direito ao Guia. Comigo, que este ano comprei o Guia, funcionou perfeitamente e lá estava meu exemplar separado e disponível.

  O primeiro comentário que faço é quanto à organização do evento. Tanto no do ano passado, quanto no deste ano, pude conhecer e provar o que de melhor se faz em vinhos no nosso Continente, com destaque inevitável para os chilenos e argentinos, com produtos espetaculares para serem apreciados, muitos deles apresentados por seus enólogos, diretores e responsáveis. Imperdível!

 Já no tocante à estrutura do local, no ano passado, havia uma incrível mesa de frios, em um restaurante ao ar livre agradabilíssimo, que apesar de ser um pouco pequeno para o tamanho do evento, mal se sentia o tempo passar, podendo haver muita tranquilidade para fazer todas as degustações e contatos que maximizaram a experiência, mesmo com o ambiente lotado. Já o espaço deste ano, era apertado, quente e estava tão ou mais lotado, com muita dificuldade de circulação e sem cadeiras para sentar. Tinha uma área ao ar livre também, mas como vou explicar adiante, totalmente mal utilizada. Se no ano passado havia fartura de frios, pães e queijos que podiam ser apreciados à vontade, neste ano todos passaram a pão e água (e pouco), literalmente. Na parte externa montaram umas espécies de food trucks que vendiam, caro, basicamente sanduíches, que incensavam todo o ambiente com cheiro de carne e gordura, o que dispensa comentários sobre a inadequação, quando se vai provar vinhos! Parecia um ambiente de saída de estádio de futebol onde os ambulantes preparam sanduíches de pernil ou churrasquinho de carne. Péssima ideia!


  Mas apesar do espaço ruim e da gafe dos sanduíches, os vinhos provados, principalmente no ambiente interno onde foram menos prejudicados pelo cheiro e pela fumaça, compensaram e vou demonstrar alguns que pude provar e no meu entender se destacaram. Priorizei a degustação dos argentinos e chilenos, pela óbvia qualidade superior, tendo em vista que seria impossível provar tudo.

  Eu, acompanhado de meu amigo Jaime Roberto, comecei pela chilena Cousiño Macul, onde provei o imperdível Lota, um vinho fantástico, para mim um dos 4 melhores que eu degustei no evento, o qual foi apresentado pelo atencioso Tomás Mc Donough, que é enólogo e gerente de exportação da vinícola. Também provei o interessante Riesling Isidora


  Neste ano tivemos o super icônico Alma Viva, que faltou no ano passado, excepcional como sempre:

 

  De Pablo Morandé, que tive o prazer de conhecer no ano passado, provei os excelentes Vigno Carignan e o Re Doble, produzido a partir de uvas cultivadas pela interessantíssima técnica de enxerto duplo, onde uma mesma planta produz carignan e garnacha:


  Da Errazuriz, o ícone Dom Maximiliano e o incrível Kai, para mim também entre os 4 melhores do evento. Com o perdão da foto ruim...


  Um dos excelentes momentos, para mim, é quando tive o prazer de conhecer um dos mais respeitados produtores da Argentina, o Senhor Carmelo Patti, que simpaticamente me atendeu e serviu o seu excelente Cabernet Sauvignon 2007, o muito competente Malbec e o fantástico Cabernet Franc:


 Da Concha y Toro, o espetacular Dom Melchor, que estava incrível e também coloco entre os 4 melhores do evento e o muito aromático Gravas Shiraz:


  O belíssimo Gandolini Cabernet Sauvignon eleito pelo Descorchados como o melhor tinto do ano com 98 pontos:


  Outro agradável momento foi quando conheci outro enólogo super competente argentino, o renomado produtor Daniel Pi, que ofereceu o ótimo Tres 14 e o incrível Imperfecto:


  Da Zuccardi provei os ótimos Pedra Infinita e o Aluvional Altamira:


 Neste ponto fiz a parada para o sanduíche que incensou o ambiente e atrapalhou a degustação, mas depois de tanto vinho e pouco pão e água precisava reabastecer. Com meu amigo Jaime, fomos à luta... Sanduiche gorduroso de carne, mas saboroso. R$ 26,00.


  Voltando aos vinhos, provei da San Pedro o Ótimo Sideral e o outro da minha lista de 4 preferidos, o Altair, simplesmente incrível:



  Da Caliterra, o chileno Tributo Malbec que é bem interessante e surpreendeu:


  O ótimo Ócio Pinot Noir da Cono Sur:


  O Super vinho Gran Enemigo:


  Da grande Catena Zapata, provei o Catena Malbec e o melhor branco degustado, o super Chardonay Adriana White Bones, novamente com o perdão do mau fotógrafo...


  Eu degustei alguns outros rótulos, mas postei aqui apenas os que mais se destacaram para mim.

  Ao final, eu até poderia degustar mais, porém o espaço estava tão lotado, tão quente e sufocante que por volta das 19:30 hrs e uns tantos vinhos tomados, tive que encerrar minha participação, feliz com os vinhos extraordinários que degustei, por conhecer grandes nomes do ramo, pela excelente companhia de meu amigo Jaime, pela aquisição do belo Guia, porém  um pouco decepcionado com as falhas de organização. Ao final ainda tive o desprazer de ser incomodado por seguranças quando eu fui recarregar o celular ao lado do saguão de entrada do evento, enquanto esperava meu Uber... Espero que no ano que vem, escolham um local maior, mais arejado e que não grelhem carne assada no ambiente de degustação. O padrão do ano passado já seria de muito melhor tamanho.

  No balanço final o evento valeu a pena e marcou. Espero estar presente no ano que vem, de preferência com as falhas que ocorreram este ano sendo corrigidas.
  

sexta-feira, 28 de abril de 2017

Porca de Murça Tinto 2013



Porca de Murça Tinto 2013, Douro, Portugal

  Aqui temos muita tradição, sendo a Porca de Murça produzida na região do Douro, há 85 anos e é um dos líderes de venda do mercado local. A proprietária da empresa é a Real Companhia Velha, que foi fundada em 1756 e possui 261 anos de existência, com muito reconhecimento principalmente na produção dos Vinhos do Porto. Nos últimos anos têm investido na modernização e inovação de seus processos e produtos, mas sem esquecer o seu incrível passado, mantendo e melhorando rótulos icônicos como o que aqui degustei.

 Produzido com uvas autóctones de Portugal, sendo a Touriga Nacional, a Touriga Franca, a Tinta Roriz e a Tinta Barroca. O produtor informa que ele estagiou apenas em tanques de inox, mas creio que ele teve contato com carvalho, talvez em lascas incorporadas aos tanques, devido a seu sabor amadeirado ali presente.

  Um aroma bem interessante com destaque para cerejas negras maduras, chocolate amargo e algo floral,  como alfazemas, com boa intensidade e persistência.

  Na boca tem um ataque bem firme com bons taninos bem destacados, sabor amadeirado e frutado, intenso, boa acidez e bastante corpo. Um vinho bem correto que agrada e pede comida, harmonizando muito bem com cordeiro cozido, e carnes gordurosas em geral. Um vinho que tem bem o estilo clássico português, muito bem elaborado e com um raro custo benefício excelente. Visivelmente foi um vinho mais simples, das antigas, que foi trabalhado e melhorado com bastante competência por seus atuais responsáveis.

  Minha avaliação:

  AR 89

  Quanto custa:

  No Brasil R$ 39,00

  Em Portugal U$ 4,00

  Nos EUA U$ 8,00

  

quarta-feira, 5 de abril de 2017

Pangea 2010



Pangea 2010, Vale do Colchagua, Chile

 A vinícola Ventisquero, que produz este rótulo, foi criada em 1998, e alcançou a certificação em 2012, como vinícola 100% sustentável e está sob o comando do enólogo Felipe Tosso, produz vinhos de qualidade e têm tido bastante entrada no mercado brasileiro. Desde os vinhos mais simples aos mais elaborados ela costuma agradar e este rótulo, um de seus ícones, não foi diferente. 

  Produzido a partir da produção dos vinhedos do Apalta, no Vale do Colchagua, em parceria entre Felipe Tosso e o australiano John Duval, com 100% Shiraz, estagiou 22meses em carvalho francês, sendo 50% novos e 50% de primeiro uso, para depois descansar por 18 meses em garrafa, antes da comercialização. Não passou por clarificação nem filtragem.

  Degustado em 13/03/2017.

  Este vinho empolga. No nariz os aromas são muito particulares, que remetem a frutas negras, frutas fermentadas, palmito e grafite e ao longo do tempo em taça, evolui para notas florais, como flores de alfazema. Na boca é muito intenso, os taninos são precisos e estão bem domados, bem como a acidez, que é muito bem colocada, traz muito equilíbrio, muito sabor, é encorpado, enche a boca, é um vinho instigante e impactante. Grande vinho, que diz a que veio.

  Minha avaliação:

  AR 93

  Quanto custa:

  No Brasil R$ 276,00

  No Chile U$ 57,00

  Nos EUA U$ 44,00

segunda-feira, 3 de abril de 2017

Alceño 50 Barricas Premium, 2012

  

Alceño 50 Barricas Premium, 2012, Jumilla, Espanha

  Produzido na D.O. (Denominação de Origem) Jumilla, localizada próxima à Murcia, no Sudeste da Espanha, pela Vinícola Alceño, que foi fundada em 1870, sendo a pioneira na região. Hoje é controlada pela família Bastida, que possui uma planta moderna e busca atender a atual demanda por vinhos de qualidade.

 Este rótulo foi produzido com 90% de uvas Shiraz e 10% de Monastrel. Estagiou em tonéis de carvalho francês e americano novos por 6 meses.

  Degustado em 13/03/2017.

 Um vinho que demonstra aromas a frutas negras maduras, como mirtilos e amoras, violetas e baunilha, muito agradáveis, mas sem grande intensidade. Na boca agrada muito, é equilibrado, intenso, saboroso, possui taninos macios, boa persistência, levemente picante, frutado. Um vinho com bastante personalidade que não passa desapercebido e satisfaz bastante. Ótima pedida e com preço acessível (apesar da sempre irritante diferença com os preços praticados no exterior). Penso que a harmonização com carneiro seria uma boa pedida.

  Minha avaliação:

  AR 90

  Quanto custa:

  No Brasil R$ 87,00

  Nos EUA U$ 15,00

  Na Espanha U$ 10,00

domingo, 2 de abril de 2017

Embocadero, 2012


Embocadero, 2012, Ribera del Duero, Espanha

  Produzido pela Vinícola San Pedro Regalado, que foi fundada em 1958 em forma de cooperativa no vilarejo de La Aguilera, ao Norte de Madri e ao Sul de Burgos, na renomada região de Ribera del Duero, onde se produzem os grandes vinhos Tempranillos espanhóis.

  Este rótulo foi produzido com a uva Tempranillo e estagiou por 12 meses em barris de carvalho americano e francês.

  Degustado em 13/03/2017.

  O rótulo é bem bonito e aumentou a expectativa... No nariz destacam-se aromas agradáveis e com pouca intensidade de morango e ameixas maduras, violeta e cravo. Na boca mostra taninos macios, leve amargor, média persistência, médio corpo, acidez em destaque, leve amadeirado, porém um pouco aguado. Um vinho que agrada, mas não empolga. Esperava um pouco mais.

  Minha avaliação:

  AR 86

  Quanto custa:

  No Brasil R$ 83,00

  Nos EUA U$ 15,00

sábado, 1 de abril de 2017

Menage a Trois Silk, 2014


Menage a Trois Silk, 2014, Califórnia, EUA

  Este vinho californiano é produzido pela Foliex à Deux, localizada no famoso Vale do Napa, na Califórnia. 

  Este rótulo brinca com o próprio nome (faz lembrar algumas cachaças brasileiras com nomes de duplo sentido), pois foi produzido com 3 variedades de uvas, sendo 70% pinot noir, 20% malbec e 10% petit shiraz.

  É uma linha de vinhos mais voltados para o dia a dia e que faz bem o gosto dos vinhos mais simples norte-americanos.

  Degustado em 13/03/2017.

  Os aromas são agradáveis e doces, que lembram geléia de morango e caramelo. Na boca percebe-se que os taninos são muito discretos, possui pouca sensação alcoólica, média acidez, muito frutado e é um pouco aguado, mas o que realmente predomina, é que ele é adocicado. Lembra um vinho rosé mais adocicadinho. Agrada fácil, principalmente aos iniciantes, mas também enjoa fácil. Um vinho que pode ser harmonizado com sobremesas à base de chocolate e frutas vermelhas. O preço no Brasil não é nada convidativo e o custo-benefício não é favorável.

  Minha avaliação:
  
  AR 85

  Quanto custa:

  No Brasil R$ 139,00

  Nos EUA U$ 12,00