domingo, 30 de outubro de 2016

Miguel Torres Dias de Verano Reserva Muscat 2014

  

Miguel Torres Dias de Verano Reserva Muscat 2014, Valle do Itata, Chile

  A Miguel Torres foi fundada pela família Torres em 1979, cuja família há mais de 1 século produz vinhos na Espanha.

  A uva utilizada é a Muscat ou também conhecida como Moscatel, ou Moscatel de Alexandria.

  O Vale de Itata, no Sul do Chile, foi um dos primeiros a desenvolverem a vinicultura no país e antes da métade do século passado foi o local de maior produção chilena, o que foi mudando pouco a pouco e hoje é responsável por 8% de todo o vinho local e mais recentemente vem sendo redescoberta, substituindo a antiga prioridade da quantidade pela qualidade.

  Vinho de ótima força aromática, lembrando frutas como maçãs verdes, peras e abricots, um pouco de mel, notas florais e traz também o cheiro de mar, como mariscos e algas frescas, bastante intrigante, faz você se sentir próximo ao litoral. Na boca também nos remete a esta sensação marinha, com a sensação bem salgadinha na língua, muita refrescância, amargor de cascas de frutas cítricas, como a lima da pérsia (que é um pouco excessivo), boa persistência, boa acidez, leve doçura. Um vinho surpreendente e que obviamente combina muito com pratos marinhos, como vôngoles, ostras, polvo e lulas executados grelhados, flambados, ou ao molho bechamel, cítrico ou de vinho branco. É um vinho surpreendente, até mesmo porque quando tomamos um moscatel normalmente se espera um vinho mais doce e menos complexo, mas este vinho tem muito mais a oferecer e esta característica explícita marinha mesclada com o frutado e floral é fascinante, embora o amargor esteja um pouco acima do desejável.

  Minha avaliação:

  AR 91

  Quanto custa:

  No Brasil R$ 65,00

  No Chile U$ 11,00

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Tessellae Carignan Vieilles Vignes, 2013


Tessellae Carignan Vieilles Vignes, 2013, Côtes Catalanes, Languedoc-Roussillon, França

  Este vinho foi produzido na região sul do Roussillon, próximo aos Pirineus, na chamada Catalunha Francesa, que embora não compartilhe os mesmos ideais separatistas da parcela inserida na Espanha, guarda um histórico em comum e ainda há uma pequena parcela da população (estimada em 6%) que mantém a língua catalã.

  Produzido pela Domaine Lafage, uma empresa datada de 1996, que foi criada pelo renomado enólogo francês Jean-Marc Lafage e sua esposa Eliane Lafage. Os seus vinhedos e sua produção estão localizados entre a cadeia de montanhas dos Pirineus e o Mar Mediterrâneo, próximos à fronteira espanhola. 

  A proposta da vinícola é produzir vinhos que valorizem a tradição, sem abrir mão da tecnologia, produzindo com qualidade, por um preço mais acessível, o que é um pouco da realidade da região do Languedoc-Roussillon, onde produzem vinhos com um custo-benefício muito melhor que nas regiões de maior prestígio da França, como a Borgonha e Bordeaux, onde os preços dos bons vinhos são, em grande parte, impraticáveis.

  A uva utilizada foi a Carignan com vinhas de mais de 70 anos de idade e apenas 10% da produção estagiou em carvalho.

    Degustado em 11/10/2016.

  Aromas de frutas vermelhas adocicadas, sutis e de baixa intensidade. Na boca tem um bom equilíbrio e uma acidez proeminente, mas sem excessos. Taninos discretos e leve amargor de madeira. Possui um retrogosto bem interessante, bastante frutado e com notas de azeitonas verdes. Pouco corpo e bom sabor. Um vinho bom, mas sem maiores destaques.
  
  O curioso, é que quando se busca a avaliação de algum grande nome do vinho mundial, encontramos um selo de 94 pontos de Robert Parker, o que indica um vinho de excepcional qualidade. Mesmo que, ao que pareça, não tenha sido sua avaliação pessoal, mas de um integrante de sua equipe, leva seu selo e me deixa perplexo. Não sou ninguém para levantar dúvidas sobre este verdadeiro ícone do mundo do vinho que merece todo respeito e reverência, mas queria saber de onde ele tirou esta pontuação. Os aromas são mínimos, os sabores são fugazes e não há qualquer complexidade que justifique esta super-avaliação. Não é um vinho ruim, mas está a anos-luz de 94 pontos. E vinho de 94 pontos por este preço seria um sonho bom demais para ser real, embora não se possa considerar impossível..., mas este aqui definitivamente não é.

  Entendo que houve um trabalho de domar a uva, que deve ser considerado, afinal a Carignan é considerada difícil de manusear para quebrar sua rusticidade e seus taninos excessivos e isso ocorreu, pois se conseguiu abrandar essa força e fazer um vinho de bom equilíbrio, acidez correta e taninos sutis, mas não conseguiram inserir as qualidades que fariam deste vinho um produto de alta gama. O que, repito, não queira dizer que é ruim, é um bom vinho de 89 pontos.

  Minha avaliação:

  AR 89

  Quanto custa:

  Nos EUA U$ 14,00

  No Brasil R$ 110,00

domingo, 16 de outubro de 2016

Domaine Drouhin Pinot Noir, 2012


Domaine Drouhin Pinot Noir, 2012, Oregon, EUA

  A Família Drouhin tem suas raízes na Borgonha francesa, onde produzem Pinot Noir e  Chardonay desde 1880, quando foi fundada a Maison Joseph Drouhin. O neto do fundador, Robert Drohin assumiu o negócio em 1957. Em 1961 visitou a região do Oregon nos EUA e reconheceu ali as condições de solo e clima que julgava ideais para produzir as uvas clássicas da Borgonha em território americano. Em 1986 sua filha, já formada enóloga, inicia a aproximação com a comunidade existente dos produtores de vinho do Oregon e em 1987, seu pai Robert adquire terras em Dundee Hill (região com apelação geográfica produtora de vinhos próxima a Portland) na sub-região Willamette Valley, quando se inicia o plantio das videiras e dá início à história da Domaine Drohin neste país, que ficou a cargo de Veronique, como enóloga responsável e seu irmão Phillipe, como viticultor.

  Este vinho estagiou em carvalho francês, sendo 20% novos por 8 a 10 meses e esta safra de 2012 foi considerada excelente pelo próprio produtor.

  Degustado em 11/10/2016.

  O vinho é especial, complexo e sutil. No nariz destacam-se os aromas de framboesa, champignons cozidos, ervas aromáticas e flores, como violetas e alfazema. Após algum tempo notam-se traços de chocolate. Na boca é extremamente equilibrado, macio, aveludado, marcante, persistente e elegante. Seus taninos são precisos, é levemente picante e possui um suave amargor de madeira. Uma verdadeira carícia aos sentidos e que mantém a ótima qualidade em todos os aspectos a se avaliar, um belíssimo trabalho da enóloga. É daqueles vinhos em que se lamenta ter apenas uma garrafa para degustar. Grande vinho.

  Minha avaliação:

  AR 93

  Quanto custa:

  Nos EUA U$ 47,00

 No Brasil consta no catálogo da Mistral, mas infelizmente não há disponibilidade no momento.

  
  

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Flor de Crasto Tinto 2013

  

Flor de Crasto Tinto 2013, Douro, Portugal

 Quem faz este vinho é a emblemática Vinícola Quinta de Crasto, localizada na região do Douro, à margem direita do Rio Douro, sob a propriedade da família Roquette, que já detinha terras ali há mais de um século. O empreendimento nos últimos anos se modernizou e deu muita importância aos avanços tecnológicos, porém sem perder vários aspectos tradicionais, como a própria pisa em lagares, que consiste na pisa artesanal das uvas, para a produção de alguns rótulos especiais.

  Produzido pelo enólogo Manuel Lobo, com Tinta Roriz (ou Tempranillo), Touriga Nacional e Touriga Franca e não estagia em carvalho e é um vinho de entrada da vinícola. 
  Degustado em 09/10/2016.

  No nariz se destacam as frutas  como morangos, amora, ameixa preta e cerejas, a princípio não muito doces, ao final aparece mais algo de caramelo, notas de balsâmico e um sutil aroma de canela. Na boca mostra força e boa intensidade, médio corpo, taninos um pouco verdes que por não serem muito rigorosos passa bem, leve amargor herbal que persiste um pouco no final de boca, média persistência. Mostra um bom potencial gastronômico, principalmente com carnes um pouco mais gordurosas como picanha e carneiro. É um vinho sem muita complexidade, mas que agrada para o que se propõe de ser um vinho frutado, de taninos ligeiros e boa estrutura. Já provei anteriormente o Flor de Crasto Branco e também manteve o bom padrão deste tinto, para uma linha básica .

  Minha avaliação:

  AR 87

  Quanto custa:

  No Brasil R$ 60,00

  Nos EUA U$ 10,00

domingo, 2 de outubro de 2016

Maycas del Limari Reserva Especial Chardonay, 2014

  

Maycas del Limari Reserva Especial Chardonay, 2014, Vale del Limari, Chile

   A Vinícola Maycas del Limari nasceu em 2005 e o projeto tem a consultoria da Vinícola Concha y Toro. Ela se propõe a fazer vinhos de qualidade no Vale do Limari e se especializou nas uvas clássicas da Borgonha, a Pinot Noire e a Chardonay. Os enólogos Marcelo Papa e Javier Villarroel, têm a experiência na produção de alguns famosos rótulos da Concha y Toro e são os responsáveis pelos rótulos produzidos pela Maycas del Limari.

  Degustado em 01/10/2016.

  Estagiou por 11 meses em barris de carvalho francês, sendo apenas 17% novos..

  Excelentes aromas de maçã verde, lima da pérsia, notas lácteas e um leve defumado que lembra a pão tostado. Na boca as frutas ácidas predominam com muito equilíbrio e frescor, estimula a salivação, preenchendo o paladar com sabores coerentes com seus aromas, acrescido de leves nuances minerais e herbais. Boa persistência, complexo, muito prazeroso e gastronômico, acompanhando muito bem a peixes e frutos do mar, além de perus, ou frangos ao molho, bem temperados e com várias nuances de sabor para ser utilizado como um bom veículo de harmonização. Sugestão para caldeiradas, salmão assado, peixe suave ao escabeche ou frango na brasa com molhos cítricos, mas o vejo bem eclético para muitas opções de preparos. Um Chardonay sul-americano muito bom e de excelente qualidade.

  Minha avaliação:

  AR 92

  Quanto custa:

  No Brasil R$ 91,00

  No Chile U$ 16,00